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Portugal tem dos combustíveis mais caros na Europa — a razão é simples e vai piorar

Mais de metade do preço da gasolina e do gasóleo vai para o Estado. Se não fossem os impostos, Portugal teria combustíveis mais baratos do que Espanha. E vai piorar em 2026. O que pode fazer?

Pedro Andersson

Portugal tem combustíveis entre os mais caros da Europa. Mais de 50% do preço são impostos. Saiba quanto paga a mais e o que pode fazer para poupar.

Quando abastece, mete combustível ou impostos?

Portugal continua entre os países da União Europeia com os combustíveis mais caros. A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) revelou que, no terceiro trimestre deste ano, o país ocupava o 8.º lugar no preço mais caro da gasolina 95 simples e o 9.º no gasóleo simples, ambos acima da média europeia.

À primeira vista, pode parecer que as petrolíferas estão a lucrar mais em Portugal, mas os números mostram outra realidade: o que encarece os combustíveis é a carga fiscal.Mais de metade do que paga por litro vai diretamente para o Estado56% na gasolina e 51% no gasóleo.

Sem impostos, os combustíveis seriam mais baratos do que em Espanha

Antes de impostos, de acordo com a ERSE, Portugal teria combustíveis mais baratos que os espanhóis:

  • Gasolina 0,9 cêntimos mais barata por litro;
  • Gasóleo 2 cêntimos mais barato.

Mas depois de somar os impostos, tudo muda:

  • A gasolina em Portugal custa mais 21,3 cêntimos por litro;
  • O gasóleo é mais 15,2 cêntimos por litro.

Isto significa que encher um depósito de 50 litros custa:

  • Mais 10,65 € em gasolina;
  • Mais 7,60 € em gasóleo.

No final do ano, quem abastece uma vez por semana gasta cerca de 500 euros a mais apenas por causa da diferença fiscal.

2026 pode trazer novos aumentos

O ministro das Finanças confirmou no Parlamento que, em 2026, o Governo vai começar a eliminar o desconto temporário no ISP, criado em 2022 quando o petróleo ultrapassou os 120 dólares por barril. Hoje o barril ronda os 60 dólares, mas Bruxelas exige o fim dessa medida.

Segundo o Conselho das Finanças Públicas, o fim do desconto e a atualização da taxa de carbono poderão render mais 1.132 milhões de euros ao Estado. Traduzindo: mais impostos e preços potencialmente mais altos no próximo ano.

O que pode fazer para pagar menos

Não há forma de fugir aos impostos, mas há muitas formas de reduzir a fatura final:

  1. Planeie abastecimentos: aproveite promoções semanais das gasolineiras e apps que mostram preços por posto.
  2. Compare preços locais: há diferenças superiores a 20 cêntimos entre postos do mesmo concelho.
  3. Avalie postos low cost — são muitas vezes os mais baratos e cumprem as mesmas especificações legais.
  4. Use o simulador da ERSE (ou sites como preçoscombustiveis.dgeg.gov.pt) para encontrar o mais barato.
  5. Mantenha o carro eficiente: pressão correta dos pneus, revisões e condução suave reduzem consumo em até 15%.
  6. Avalie alternativas: quem faz muitos quilómetros pode compensar investir em híbridos, elétricos ou GPL.
  7. Se possível, combine viagens e evite deslocações desnecessárias.

Em que ficamos

Portugal paga caro não por culpa das petrolíferas, mas por causa dos impostos. Sem a carga fiscal, o preço dos combustíveis estaria abaixo da média europeia. E com o fim do desconto no ISP em 2026, os preços podem subir ainda mais.

A melhor defesa é informar-se, comparar e planear.

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