Dicas para aumentar o seu reembolso
Está quase a chegar mais uma época de entrega do IRS. Muitas dicas são repetidas todos os anos, mas há sempre coisas novas que vamos descobrindo que podem render mais algumas dezenas, centenas ou até milhares de euros no reembolso do IRS.
Na reportagem desta semana do Contas-poupança mostramos-lhe a que pormenores deve estar muito atento para receber mais dinheiro, sobretudo se passa recibos verdes ou tem um atestado multiuso.
Antes, vamos falar do que TODOS devem fazer.
Atualizar o agregado familiar
Tem até dia 17 de Fevereiro para atualizar o seu agregado familiar no Portal das Finanças. Se costuma aceitar o IRS Automático, é muito importante que não deixe passar este prazo. Se nasceu um filho, se um filho saiu de casa ou fez 25 anos, ou se cuida dos pais em casa. E, em caso de divórcio, não se esqueça de comunicar a guarda conjunta dos filhos.
E porque é que fazer isto é tão importante? Porque se não fizer nada, as Finanças vão buscar o seu agregado familiar de 2018. E isso pode ser mau para si porque se teve um filho entretanto essa dedução não vai aparecer, ou se já não tem um dependente isso depois vai dar erro e muito trabalho para resolver.
Basta ir ao seu portal das Finanças e o link está logo aqui na página principal ou pode escrever aqui “agregado familiar” e seguir os passos todos. Se nada mudou, confirme só se está tudo bem. Nunca fiando.
Validar as faturas pendentes no e-Fatura
Tem até 25 de Fevereiro para validar todas as suas despesas pendentes no e-fatura. Tem de ir a todos os e-fatura do seu agregado familiar. A cada um dos sujeitos passivos e ao de cada um dos filhos ou pais, se viverem consigo. Prepare-se. Isto dá muito trabalho.
Atenção sobretudo às despesas de farmácia. Se não associar uma receita e ela ficar pendente perde esse valor para as Despesas Gerais Familiares (cujo limite atinge em um mês ou dois. A dedução em saúde vai até aos 1.000 euros. É muito dinheiro que pode perder.
Veja também TODAS as faturas pendentes. No meu caso tenho cerca de 300 ainda pendentes. Estou a tratar delas aos poucos. Confirme que estão todas nas categorias corretas para receber tudo a que tem direito.
Se não percebe nada disto peça ajuda a um contabilista. Também pode ir às Finanças da sua cidade e pedir ajuda a um funcionário. Têm alguns computadores reservados só para isso ao longo de todo o ano. Faça isto com tempo. Não deixe para o último dia.
A outra página de Março
Atenção a um pormenor. No e-fatura não lhe vão aparecer as rendas da casa, as taxas moderadoras, as propinas e outras despesas escolares, e seguros. Não são faturas, são recibos. Por isso, não estranhe se elas não estiverem lá agora. Não as insira manualmente porque é uma perda de tempo. Elas vão aparecer todas – se tudo correr bem – até 15 de março numa outra página ao lado do e-fatura.
Portanto, não se esqueça de em Março – não é agora – voltar ao Portal das Finanças e confirmar nesta página que não é o e-fatura se estão lá todas as grandes despesas de educação, saúde, rendas e seguros. Se não estiverem aqui não vão aparecer no IRS Automático e pode estar a perder centenas de euros. A boa notícia é que poderá acrescentá-las manualmente no Modelo 3 mas terá obrigatoriamente de recusar o IRS Automátco. Não vai poder corrigi-las nessa altura. É só para ver se está tudo bem.
Atenção aos recibos verdes
Agora uma informação importantíssima para trabalhadores independentes, que estão no regime simplificado. Estamos a falar de médicos, advogados, engenheiros, jornalistas, formadores, canalizadores, eletricistas e de todas as profissões liberais que passam os chamados recibos verdes.
Até 2018, 25% dos rendimentos dos recibos verdes eram uma dedução automática. Eram consideradas despesas mesmo que não as tivesse feito. Não tinha de apresentar faturas. No IRS do ano passado e agora neste, isso mudou. Há contribuintes a perder centenas ou até milhares de euros sem perceberem porquê.
Se não apresentar despesas profissionais no e-fatura, clicando nessas faturas e colocando-as como despesa profissional este ano provavelmente vai receber menos algumas centenas de euros.
Para manter o mesmo reembolso que teve em 2018, terá de ter aproximadamente 25% dos seus rendimentos totais em despesas no e-fatura. Faça a conta. Há uma dedução automática de cerca de 4 mil euros. Se os seus 25% dos rendimentos é inferior a esses 4 mil euros poderá ficar mais ou menos descansado. Confirme com um contabilista ou junto das Finanças.
Portanto, se passa recibos verdes vá imediatamente ao seu e-fatura e vasculhe todas as faturas e coloque todas as que se apliquem à sua profissão nesta categoria. É só clicar na coluna correspondente.
Deduzir o seguro de vida do crédito à habitação
E agora outra dica para receber mais cerca de 200 euros de reembolso, desde que tenha descontos na fonte suficientes para isso. É importante que perceba que quem não desconta para o IRS no salário não vai receber nada. Só recebe quem paga (a mais). Por muitas despesas que tenha.
Se tem um Atestado Multiuso com pelo menos 60% de incapacidade deve pedir já à sua seguradora que mande todos os anos para as finanças o valor que pagou de seguro de vida mesmo que seja o que está associado ao seu crédito à habitação. Pode ir buscar 25% do que pagou, até o limite de 15% do imposto total que tem de pagar.
Ou seja, em média estamos a falar de cerca de 200 euros que pode receber a mais.
Se não fez isso no ano passado, coloque este ano manualmente quando entregar no IRS. Saiba que vai dar erro nas finanças mas depois é só ir à repartição explicar e será aceite.
Portanto, comunique imediatamente à sua seguradora que tem um atestado multiuso com pelo menos 60% e assim no ano que vem já entrará automaticamente no seu IRS. Este ano já não vai a tempo, vai ter de recusar o IRS automático, acrescentar o seguro de vida, o IRS entrará em divergência, será chamado à repartição, leva o atestado consigo e com isso recebe mais uma dedução de cerca de 200 euros. Avalie se vale o esforço.
Se tem uma profissão de desgaste rápido, como pescadores, mineiros ou atletas profissionais pode descontar 100% do que pagou no seguro de vida (também do crédito à habitação, como disse no princípio) até 2.178 euros por ano. Mas esses profissionais já devem saber. É assim há vários anos.
É verdade que o IRS é é muito difícil de perceber. Basta uma distração ou não conhecermos os nossos direitos para estarmos a perder dinheiro. Mas se seguirmos todos os passos, se nos informarmos bem e perguntarmos a quem sabe, podemos ficar com muito mais dinheiro na carteira. Não se esqueça de que estamos a falar do dinheiro que tanto lhe custou a ganhar.
Pode ver ou rever a reportagem desta semana AQUI na página da SIC Notícias: