Apoios sociais

Atestado Médico Multiuso passa a ter comunicação automática às Finanças e Segurança Social

Governo anunciou medidas de simplificação dos impostos e na relação com as Finanças, que vão ajudar os cidadãos. Haverá alterações na forma de usar o Atestado Médico de Incapacidade Multiuso (AMIM).

Pedro Andersson

Mudanças no Atestado de Incapacidade Multiuso

A minha experiência diz que devo ser cauteloso ao atirar foguetes porque uma coisa são os anúncios, e outra é levar as intenções à prática. Seja qual for o ministro ou governo.

Dito isto, quando isto acontecer será um enorme avanço na relação entre as pessoas com incapacidade e o Estado.

Em primeiro lugar, era preciso que as pessoas que têm direito ao Atestado o pudessem ter em tempo útil. Isso ainda não está a acontecer. Há pessoas com problemas gravíssimos de saúde à espera da junta médica há quase dois anos ou mais. É um "crime". Há quem tenha morrido, entretanto, à espera do Atestado.

O que prometem alterar

Até agora, o cidadão com o AMIM tem de ir presencialmente a uma repartição de Finanças entregar uma cópia (acompanhada do original) para que esse documento fique registado nos serviços. Só a partir desse momento é que tem direito a todos os benefícios fiscais das pessoas com incapacidade igual ou superior a 60%.

Recordo que quem tem uma doença grave tem direito a pedir uma junta médica no seu Centro de Saúde para definir uma percentagem de incapacidade. A partir de 60% paga muito menos impostos, tem direito a equipamentos grátis, estacionamento para deficiente, descontos na compra de carros, telecomunicações, etc. (os apoios variam conforme o tipo de incapacidade).

O pacote anunciado pelo governo promete simplificar o Atestado Médico de Incapacidade Multiuso (AMIM), estando prevista a realização de um protocolo entre o Ministério das Finanças (Autoridade Tributária e Aduaneira), o Ministério da Saúde e outras áreas governativas relevantes (Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Infraestruturas e Habitação), com vista à comunicação automática deste atestado, de forma eletrónica.

Ou seja, a minha interpretação é que assim que o Ministério da Saúde passe o Atestado, o cidadão não precisará fazer a peregrinação dos ministérios para informar um a um que o tem e que o pretende utilizar.

Não foi referido nenhum prazo para isso acontecer. Esse é o meu receio inicial. Até que os sistemas informáticos cruzem informação podem passar anos. Mas a intenção é boa. Aguardarei mais informação.

O ministro disse também na Conferência de imprensa que a entrega do documento (será enquanto esse cruzamento não acontece?) passa a poder ser digital. Ou seja, para proteger a privacidade do cidadão, a entrega do documento nas Finanças passa a poder ser exclusivamente online (por e-mail? Pelo Portal das Finanças?). Não foi referido esse pormenor.

Como sabem, este é um tema que me toca particularmente e ao qual estarei atento. Assim que tiver mais informações ou detalhes partilharei. Para já, ficam com esta intenção do governo de simplificar a entrega e utilização do Atentado Médico de Incapacidade Multiuso. Não deixa de ser uma boa notícia.

O passo seguinte, seria - na minha opinião - a atribuição automática de todos os direitos ao cidadão (na Saúde, nas Finanças e na Segurança social) sem que ele tivesse de os pedir. Seria pedir demais?

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