Apoios sociais

Programa E-Lar: como trocar fogões e esquentadores a gás por elétricos com apoio até 1.683 €

O programa E-Lar já arrancou e permite a qualquer cidadão trocar equipamentos a gás por equipamentos elétricos com apoios significativos. Em alguns casos, a substituição pode ser praticamente gratuita (pode comprar mais caro, pagando a diferença). Mas será que compensa? O Contas-poupança fez as contas e deixa-lhe os pontos que deve avaliar antes de avançar. É a reportagem em vídeo desta semana.

Pedro Andersson

Quem tem direito aos apoios do programa E-Lar

Este é um exemplo do voucher que vai receber depois de se candidatar ao programa E-lar.

Com esta espécie de cheque vai pode trocar gratuitamente (ou quase) o seu fogão ou forno a gás e o esquentador ou caldeira a gás por um termoacumulador. 

O programa foi criado para três grupos de pessoas (apenas em Portugal continental, as ilhas não estão incluídas):

  • Famílias já inscritas no programa Bairros mais sustentáveis.
  • Consumidores que beneficiam da tarifa social de energia.
  • Todos os cidadãos com contrato de eletricidade ativo em Portugal.

Ou seja, qualquer pessoa pode candidatar-se, mas o valor do apoio varia.

  • Tarifa social ou Bairros sustentáveis: podem receber até 1.683 €, incluindo IVA, instalação e transporte.
  • Restantes famílias (classe média): podem ter descontos até cerca de 1.100 €, mas terão de pagar o IVA e não têm direito ao transporte e instalação gratuitos.

Quanto pode poupar com o voucher E-Lar

Os apoios máximos para beneficiários da tarifa social ou Bairros sustentáveis são:

  • Placa elétrica: até 179,60 €
  • Placa de indução: até 369 €
  • Forno: até 369 €
  • Termoacumulador: até 615 €
  • Transporte e instalação: até 150 € (placa e forno) + 180 € (termoacumulador)

Total: 1.683 €.

Para famílias sem tarifa social, os descontos podem ir até cerca de 1.100 €, dependendo do equipamento escolhido. Estes são os valores máximos do apoio por equipamento:

  • Placa elétrica: até 145 €
  • Placa de indução: até 300 €
  • Forno: até 300 €
  • Termoacumulador: até 500 €
  • Transporte e instalação: (não elegível)

Total: 1.100 €.

Como fazer a candidatura ao programa

A candidatura é feita através do site fundoambiental.pt. É necessário:

  1. Preencher os dados pessoais.
  2. Enviar fotografias dos equipamentos a substituir.
  3. Aguardar a emissão do voucher.

Depois, deve consultar a lista de fornecedores no portal (já há mais de 900 lojas inscritas em todo o país) e escolher uma empresa no seu distrito. 

A mesma empresa trata da venda, instalação e recolha dos velhos equipamentos para reciclagem.

  • O voucher é válido por 2 meses.
  • Os fornecedores têm 30 dias para fazer a instalação.

Custos escondidos que deve considerar

Antes de avançar, é essencial avaliar alguns custos adicionais que não estão incluídos no apoio:

  • Troca de tachos e panelas: se optar por uma placa de indução, pode ter de investir entre 50 € e 300 € em novos utensílios.
  • Aumento da potência elétrica: equipamentos elétricos consomem mais energia e pode ser necessário subir a potência contratada. Isso pode aumentar a fatura fixa mensal.
  • Obras em casas antigas: em prédios mais antigos, pode ser necessário reforçar a instalação elétrica para garantir segurança.
  • Fatura de eletricidade mais alta: mesmo com equipamentos eficientes, substituir gás por eletricidade pode aumentar os custos mensais.


Termoacumuladores e a questão da eficiência

Uma das críticas ao programa é que não inclui bombas de calor, que são muito mais eficientes do que os termoacumuladores. O governo justifica que o custo das bombas de calor continua demasiado elevado para ser abrangido pelos apoios. O objetivo é dar uma alternativa melhor para o maior número possível de famílias com recursos mais baixos. As bombas de calor para aquecer água custam milhares de euros cada uma e os termoacumuladores são muito mais baratos.

Inicialmente, o programa só aceitava termoacumuladores de classe A, mas como praticamente só existiam modelos até 30 litros, a regra foi alterada para permitir também equipamentos de classe B, mais comuns no mercado.

Onde pedir ajuda para a candidatura

Além do site oficial, é possível obter apoio para preencher o formulário e esclarecer dúvidas nos Espaços Energia e nas Juntas de Freguesia.

Até quando dura o programa E-Lar

O programa estará em vigor até junho de 2026 ou até esgotar a verba disponível (30 milhões de euros). Como aconteceu em programas anteriores (como o “Edifícios mais sustentáveis”), é provável que os apoios se esgotem rapidamente.

Vale a pena trocar agora?

A decisão não é automática. Se tem eletrodomésticos a gás a funcionar bem e a fatura da eletricidade já pesa no orçamento, talvez não compense trocar apenas pelo apoio. Mas se está a pensar renovar equipamentos ou se precisa de substituir um eletrodoméstico antigo, pode aproveitar uma oportunidade única para reduzir custos iniciais.

Em resumo: O programa E-Lar pode representar uma poupança de centenas de euros, mas não se esqueça de fazer bem as contas antes de decidir. Considere os custos adicionais e analise se a mudança para equipamentos elétricos faz sentido para a sua casa e para o seu orçamento.

Pode ver ou rever a reportagem em vídeo neste link:

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