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BCE interrompe corte de taxas de juro e mantém valores aprovados em junho

No passado mês de junho, o Banco Central Europeu baixou as taxas de juro em 25 pontos base naquela que foi a quarta reunião de 2025. Esta quinta-feira decidiu manter as três taxas inalteradas.

Inês de Almeida Fernandes

O Banco Central Europeu (BCE) reuniu esta quinta-feira e decidiu manter as três taxas de juro diretoras inalteradas. Naquela que foi a quinta reunião deste ano decidiu-se, pela primeira vez desde junho de 2024, interromper o ciclo de cortes.

Em comunicado, o regulador informou que as taxas mantêm os valores estabelecidos em junho, designadamente 2% aplicável à facilidade permanente de depósito e 2,40% à facilidade permanente de cedência de liquidez. A taxa de refinanciamento, que influencia a Euribor, mantém-se em 2,15%.

Quanto aos objetivos definidos para a inflação, no mesmo comunicado, o regulador indicou que esse indicador "situa‑se atualmente no objetivo de médio prazo de 2%" e reforçou que continua "determinado" a assegurar que estabiliza, a médio prazo, nesse valor.

Não obstante a determinação, o BCE alertou novamente que as decisões sobre as taxas de juro serão baseadas na avaliação das perspetivas da inflação e dos riscos em torno das mesmas, bem como da dinâmica da inflação subjacente, pelo que "não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica".

Embora reforce a resiliência da economia até à data e num enquadramento mundial "difícil", sublinha que a conjuntura se mantém "excecionalmente incerta, sobretudo devido a litígios comerciais", de que são exemplo as tarifas aplicadas pelo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.

De acordo com o calendário disponibilizado no site oficial, a próxima reunião do BCE está marcada para os dias 10 e 11 de setembro.

Analistas já previam interrupção de cortes

A inexistência de um novo corte não é, no entanto, uma surpresa. Alguns analistas já vinham a indicar uma potencial suspensão das descidas nas taxas de juro diretoras.

No entender do BPI Research, citado pelo Agência Lusa, a pausa alinha-se com a nova estratégia de política monetária apresentada pelo BCE no início de julho, que "reconhece a existência de um ambiente estruturalmente mais incerto e volátil", defendendo a necessidade de uma capacidade de atuação mais flexível.

Entre os analistas, a expectativa é de que quaisquer novas alterações só acontecerão depois do verão, embora antecipem uma última descida de 25 pontos base ainda antes do fim do ano. Uma nova redução depois da pausa prevista seria “preventiva e em resposta à alta incerteza geopolítica e aos riscos de queda sobre a atividade económica”, referiu o BPI Research.

De recordar que, a cada redução da taxa de refinanciamento, aliviam as prestações dos créditos à habitação, mas as poupanças e investimentos indexados à Euribor sofrem com a decisão.Exemplo disso são os Certificados de Aforro, cuja taxa de juro máxima garantida está abaixo dos 2,5% desde abril e continuou a cair depois disso. No final de junho, fixou-se em 2,011%.

No gráfico seguinte pode acompanhar a evolução da Euribor a três meses em relação aos Certificados de Aforro.

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