Carro

Também há particulares que martelam conta-quilómetros

Um vendedor de carros em cada português Continuo estupefacto com o impacto da reportagem sobre os conta-quilómetros martelados. Também me chegaram diversas mensagens de vendedores de carros. Com situações surpreendentes. Que mostram que temos (todos nós, portugueses) um certa “pancada” com os quilómetros. Passo a explicar. A “pancada” dos 200 mil kms Se um carro […]

Um vendedor de carros em cada português

Continuo estupefacto com o impacto da reportagem sobre os conta-quilómetros martelados.

Também me chegaram diversas mensagens de vendedores de carros. Com situações surpreendentes. Que mostram que temos (todos nós, portugueses) um certa “pancada” com os quilómetros. Passo a explicar.

A “pancada” dos 200 mil kms

Se um carro tem mais de 200 mil km ninguém o quer comprar. Portanto, os stands também não os querem. Logo, às vezes são os próprios particulares que (como conhecem alguém que sabe fazê-lo) adulteram o conta-quilómetros antes de colocar o carro à venda.

Um marido e um pai que querem fazer “boa figura”

Ouvi esta estória de dois vendedores diferentes que não se conhecem. Conseguiram convencer o cliente a comprar um carro com 200 mil quilómetros que estava de facto em excelentes condições a um bom preço. Mas num caso o homem tinha vergonha de chegar ao pé da mulher com um carro com 200 mil km. Mas comprou-o por ser um bom negócio.

No outro caso, um pai queria oferecer à filha um carro. Comprou o de 200 mil km. Mas queria fazer boa figura ao pé da filha e dos amigos da filha. 200 mil km não fazem boa figura em Portugal mesmo que o carro esteja impecável, quase como novo, de motor e aspecto.

Fim da história: ambos, o marido e o pai, em cidades diferentes do país, assim que compraram o carro arranjaram um conhecido que tirou uma batelada de quilómetros antes de chegarem a casa. Apenas para impressionar.

Não tenho razões para duvidar da veracidade destas histórias. Confio nas duas pessoas que mas contaram. Se alguém acabar por comprar hoje estes dois carros, e descobrirem que numa das inspeções desapareceram 120 mil kms, vão por as culpas em quem? Nos vendedores do stand.

Não estou a tirar responsabilidades aos vendedores. Pelo grau de conhecimento que têm, deveriam confirmar os km dos carros que vendem antes de os comprar para evitar estas situações e explicarem aos clientes a história de cada carro, caso haja incongruências.

Como me protejo?

O único “segredo” que vejo é mesmo investigar tudo o que puder antes de comprar um carro a quem quer que seja. Tem as dicas AQUI se ainda não viu a reportagem.

Todos me explicam que o processo de martelar um conta-quilómetros é super simples. É só ligar um computador portátil ao carro na tal ficha de diagnóstico a que todas as oficinas têm acesso.

Em 10 minutos colocam os km que disser. Demasiado simples. Acessível a quem tiver um “conhecido” que conhece alguém que o faz. Pelas descrições que me fizeram em privado, a prática parece-me estar completamente enraizada.

Temo que a prática continue, apenas com mais frequência. Quem pratica esta fraude vai passar a fazê-la imediatamente com menos km antes de cada inspeção em vez de muitos km de cada vez. Nesses casos, não há Certidão do IMT que lhe valha.

Aí terá de ir pela média de quilómetros “normal” por ano. Conselho de vendedor honesto: “Se parece bom demais, é porque é mesmo bom demais para ser verdade. Não há milagres”. Ou conhece MESMO a história do carro e das pessoas ou muito provavelmente a “velhinha que só passeava ao fim de semana” vive no computador portátil de alguma oficina.

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