Sim, sabemos que há a velha questão estatística do rico que come o frango inteiro e que em média faz o pobre comer meio frango. Mas desta vez, há mesmo grupos profissionais que tiveram um aumento real. E isso está registado nas estatísticas e é público pela negociações com o Governo e que é conhecido pela comunicação social.
Os trabalhadores por conta de outrem viram o seu salário médio líquido aumentar 9,9% no terceiro trimestre deste ano, para os 1151 euros. Trata-se de mais 104 euros ao fim do mês face ao rendimento registado há um ano, que se estabelecia nos 1047 euros, de acordo com os cálculos efetuados pelo jornal ECO, partindo das estatísticas do emprego publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na passada quarta-feira e dos dados relativos ao emprego entre julho e setembro.
No entanto, descontando o impacto da inflação - que se fixou nos 2,1% em setembro -, o aumento real foi de 82 euros mensais (7,8%), o que significa que dos 104 euros que os trabalhadores poderiam receber a mais, 22 euros foram absorvidos pela subida dos preços.
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O rendimento médio mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem, feita já a retenção na fonte em sede de IRS e as contribuições sociais, tem vindo a aumentar desde o início do ano e em comparação com 2023.
Nos primeiros três meses de 2024, o salário médio líquido subiu 6,3% e no segundo trimestre 8,9%. A passagem do segundo para o terceiro trimestre teve um aumento menos expressivo (1,23%) que se traduziu em mais 14 euros mensais face ao ordenado de 1137 euros que o INE tinha calculado para esse período.
De acordo com dados do INE, o terceiro trimestre do ano ficou marcado por aumentos mais expressivos das remunerações médias líquidas em classes profissionais como as Forças Armadas, cujos rendimentos subiram de 1322 para 1589 euros, ou seja, mais 267 euros.
Seguem-se os agricultores e pescadores, que passaram a ter um rendimento de 825 euros, mais 87 euros face aos 738 euros que ganhavam no mesmo período do ano passado. Os trabalhadores administrativos sentiram um aumento salarial de 91 euros, passando de uma remuneração média líquida de 896 euros para os 987 euros.
O que fazer com estes aumentos
Sabemos que no caso dos salários mais baixos, receber mais 87 euros por mês (e descontando o efeito da inflação) não é assim um aumento tão grande. Mas mesmo assim, deixo o alerta que costumo deixar sempre: qualquer aumento deve ser aproveitado para melhorar a nossa qualidade de vida e para pôr em ordem o nosso orçamento mensal.
Este alerta é importante porque a armadilha "normal" é sempre que recebemos um aumento (mesmo quando não nos apercebemos dele) é gastarmos esse dinheiro sem um critério específico.
Se a nossa vida estava organizada com base no que ganhamos (mesmo que com sacrifício), estes aumento deveriam ser - nesta primeira fase - imediatamente dirigidos para liquidar qualquer divida ou crédito que tenhamos. Essa é a primeira prioridade. Assim que liquidarmos essas dívidas (que corroem a nossa carteira por causa dos juros), a seguir deve atirar-se com toda a força para o seu fundo de emergência. Deve ter (mesmo que ganhe pouco) uma poupança de 5.000 euros ou 10.000 euros (6 a 12 meses de todas as suas despesas). Deve fazer isto, mesmo que demore 10 anos a atingir este objetivo. Acredite que isto muda a vida das famílias portuguesas.
Depois de ter o seus fundo de emergência, voltamos a conversar. Porque aí começa outro campeonato. Se o seu aumento foi realmente de mais de 100 euros por mês (mesmo que tenha sido 50 euros por casal), começa a ter muitas outras opções. Pense no assunto.