O podcast de sempre, agora mais inclusivo!
Como a literacia financeira é um aspeto fundamental para a boa gestão das finanças pessoais, os podcasts do Contas-poupança tornam-se agora mais inclusivos e passarão a ser publicados também em texto, nomeadamente para incluir a comunidade surda, pessoas que – não sendo surdas – têm dificuldades auditivas e, claro, todos os que ainda não perceberam como funcionam os podcasts ou que simplesmente preferem ler. Estamos também a trabalhar a possibilidade de traduzir o podcast para Língua Gestual Portuguesa, mas essa vai demorar mais tempo.
É o seu podcast de sempre, mas a partir de agora pode escolher lê-lo ou ouvi-lo. Aguardo as vossas criticas e sugestões.
Quantas vezes pode trocar o seu crédito à habitação e seguro de vida?
[Introdução]
[Pedro Andersson]
Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e este é o Vamos a Contas, um episódio bónus, especial e semanal, do podcast Contas-poupança. Respondo às vossas perguntas em áudio que enviaram para o número do WhatsApp 92 775 37 37. A sua pergunta é muito importante! Vamos à dúvida desta semana?
[Daniela, ouvinte do podcast]
Olá! O meu nome é Daniela e gostaria de saber se me podia ajudar com duas questões relacionadas com crédito à habitação. A primeira questão é: estou agora a trocar o meu crédito à habitação, que contrai em 2018, e queria saber se podemos alterar o crédito à habitação com frequência? Por exemplo, podemos todos os anos trocar o empréstimo de banco ou existe alguma coisa no próprio contrato com o banco que nos impeça de o fazer? Há algum documento do Banco de Portugal que não nos permita alterar mais do que X vezes consoante a duração do crédito à habitação que temos?
A segunda questão também tem a ver com a troca do crédito à habitação de banco, porque estou a ter alguns problemas com a parte dos seguros. Um dos seguros sou obrigada a ter junto da nova entidade bancária para onde passei, mas o outro gostava de manter aquele que tenho.
No entanto, como tenho de ter uma carta do banco atual a dizer que não tem interesse neste seguro e, portanto, que o seguro vai passar a ser do banco em que vou agora colocar o empréstimo, só consigo ter um documento a dizer que não têm interesse nesse seguro quando já tiver o empréstimo, ou a data de escritura agendada, com os dados todos do banco novo no documento.
Ou seja, a solução que me apresentam é ter dois seguros da casa, exatamente ao mesmo tempo, para não haver problemas. Dizem-me que isto é muito frequente acontecer, ter de ter dois seguros, tanto de casa como de vida ao mesmo tempo durante a troca do empréstimo.
Ou seja, como um seguro é de uma entidade e o outro é de outra, dizem-me que isto é necessário, mas não consigo perceber porquê e de que maneira é possível uma pessoa não ser obrigada a ter dois seguros a decorrer no mesmo mês, sendo que a pessoa segura é a mesma, as condições do empréstimo e o valor em dívida são iguais. A única coisa que muda é a entidade credora associada ao empréstimo e não sei se me consegue explicar se há alguma opção de só ter um seguro de vida e um seguro de casa à data de uma nova escritura. Muito obrigada pela ajuda!
[Pedro Andersson]
Olá, Daniela! Muito obrigado por estas duas perguntas. Vamos por partes. Pode mudar de banco o crédito à habitação quantas vezes? Em teoria, pode mudar as vezes que quiser, não há nenhuma limitação legal para mudar de banco. Portanto, em teoria, todos os anos pode mudar, pode transferir o seu crédito à habitação para um outro banco, uma outra instituição financeira, que aceite ficar com o seu crédito, com melhores condições para si como é óbvio.
Essa nova instituição vai ficar com uma nova cliente e algumas vão oferecer-se para lhe pagar todas as despesas para ficar consigo como cliente, para compensar a sua saída do outro banco para ir para o banco deles e, portanto, desde que haja uma instituição financeira que aceite ficar com a sua dívida com as condições que ambos negociarem, pode fazê-lo. Isto é na teoria. Digo teoria porque na prática é um bocadinho diferente.
A questão aqui é: consegue encontrar todos os anos um banco que faça melhores condições e em que fica pagar menos pelo mesmo montante em dívida na altura em que faz a transferência? Essa é que é a grande questão, porque se conseguir encontrar nada a impede de fazer isso. Faça isso. Qualquer um de vocês que estão a ver este episódio deve andar sempre à procura de alguém que lhe faça melhores condições.
Diria que todos os anos, de dois em dois ou de três em três anos, ou então quando se lembrar, se for uma pessoa menos organizada. É ver quanto é que os bancos estão a fazer em termos de spread, de seguros de vida, de prazos e ver, globalmente, somando a prestação da casa para os mesmos prazos ou inferiores, mais o seguro de vida, mais tudo aquilo que me obrigarem a subscrever para ter este crédito, mais as despesas envolvidas e ver se compensa. Se chegar à conclusão que arranja um negócio melhor, faz a transferência de crédito.
Porque é que isto não funciona exatamente assim? Porque obviamente os bancos que aceitarem a sua transferência de crédito vão aceitar suportar algumas despesas, oferecer-se para pagar, por exemplo, a indemnização ao outro, que é de meio por cento do valor envolvido ou de 2% caso seja taxa fixa, na perspetiva de lucrar consigo até ao final do contrato, porque senão não lhes compensa. Um banco que olhe para o seu histórico e veja que está a mudar de dois em dois anos, pode chegar à conclusão que estará a perder dinheiro porque faz agora um contrato e depois daqui a dois anos vai-se embora para outro banco outra vez.
Claro que eles não lhe vão dizer isto, mas vão analisar o seu caso e depois apresentam condições que já contam com o risco de se poder ir embora rapidamente. Esta é uma perspetiva. Outra perspetiva é quando usa intermediários de crédito, empresas como o Doutor Finanças, Decisões e Soluções, a Max Finance, a Reorganiza ou intermediários particulares, os próprios bancos quando se apercebem que isto se tornou uma moda e que agora, todos os anos ou de ano a ano, as pessoas começam a querer sair e começam a dificultar as transferências de crédito. Isto quer dizer que vai contactar algumas dessas instituições e intermediários e vão tornar-lhe a vida mais difícil ou não vão fazer propostas tão boas como fazem atualmente.
Em resumo desta primeira resposta à sua pergunta, não há nenhum impedimento desde que encontre um banco que lhe faça melhores condições. Se assim for, faça-o com a regularidade que entender. Numa determinada altura, vai concluir que deixou de ser tão simples como nas transferências anteriores e isso será absolutamente normal.
A minha expectativa é que chegará a uma prestação e a uma situação em que estará muito bem, mesmo que não consiga mudar para mais uma instituição de crédito. Se não consegue agora, volta a tentar daqui a um ano, daqui a dois ou três, como já percebeu como funciona, a partir de agora é mudar sempre que conseguir.
Relativamente à segunda questão: está em processo de transferência de crédito, já passou pela fase anterior, conseguiu uma boa proposta, chegaram a acordo, maravilha! Agora, temos de lidar com o seguro de vida. Essa situação que menciona é perfeitamente normal e até razoável.
Gostaria de transferir o seu seguro de vida antes de sair de um e antes de entrar no outro, porque isso evitava estar a pagar dois? Claro que sim, compreendo a sua situação, mas ponha-se na pele dos bancos. Vamos imaginar que a Daniela é um banco: aquele período de uma semana, 15 dias, um mês ou até pode ser um dia ou até apenas horas, há um momento em que não vai haver nenhum seguro a garantir aquele valor em dívida e isso não pode acontecer do ponto de vista do banco.
Imagine que naquelas 24 horas em que aquele banco deixou de ter aquele seguro de vida e o outro banco ainda não tem o crédito, mas tem um seguro de vida e não tem o crédito, portanto, não pode acioná-lo. Imagine que lhe acontece alguma coisa nesse período de tempo, pode sempre acontecer e por isso é que os bancos não aceitam fazer isso.
Naquelas 24 horas, naquela semana, aquele valor em dívida não está seguro por ninguém. O outro porque ainda não o quer e o outro porque ainda tem esse crédito. Para que serve o seguro de vida associado ao crédito à habitação? Caso tenha uma doença grave, um acidente ou esse titular do contrato morra, o seguro paga ao banco o valor em dívida. Se não houver seguro e lhe acontecer alguma coisa, o banco vai perder todo o valor que emprestou e não vai correr esse risco, ainda por cima sabendo que vai sair a seguir para a concorrência.
Por isso é que acho razoável e compreensível essa resposta dos bancos. É só a partir daquele minuto, daquele dia, daquela hora da escritura, que acaba um dos seguros e começa o outro. O outro não vai começar o seu crédito à habitação sem já ter o seguro de vida a funcionar.
Portanto, aquilo que sugiro é, para já, aceitar isso, porque é mais fácil aceitar e andar para a frente e assumir isso como um prejuízo e fazer as contas, porque espero bem que lhe compense durante dois meses estar a pagar dois seguros de vida com aquilo que vai poupar e beneficiar mudando de banco no resto dos anos que lhe faltam ainda pagar.
Espero ter conseguido explicar a lógica desses dois seguros de vida em simultâneo, durante provavelmente dois meses, um mês antes e um mês depois, para fazer as coisas bem e para todos se sentirem confortados e protegidos, nomeadamente a própria Daniela. Porque a Daniela não vai querer passar nem uma hora sem seguro de vida do seu crédito à habitação, porque senão acontece-lhe alguma coisa e vai ter de pagar na mesma tudo até ao fim, mesmo não tendo condições para o pagar, ou passa a dívida para os seus herdeiros e com certeza a Daniela também não quer que isso aconteça.
Espero ter respondido às suas duas questões, Daniela, muitas felicidades! Não se esqueçam de enviar as vossas perguntas em áudio para o WhatsApp do Contas-poupança, que é o 92 775 37 37. Subscreva este podcast, acione as notificações no sininho, siga este podcast, partilhe-o com outros e fale sobre ele. Espero que estas dicas sejam sempre muito úteis para aumentar a nossa literacia financeira e para fazermos escolhas inteligentes com o nosso dinheiro.
Boas poupanças!
“Vamos a contas” são episódios “bónus” a meio da semana, em que respondo de forma mais breve às vossas perguntas simples e diretas. Não há perguntas demasiado básicas. Se não sabe, pergunte!
O pior que pode acontecer é não saber alguma coisa sobre finanças pessoais, ter vergonha de perguntar, e tomar decisões erradas (ou nunca decidir) por causa dessa falta de informação.
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