[Introdução - Pedro Andersson]
Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro. Hoje, especificamente, vamos falar de escolhas fiscais, nomeadamente, coisas que nos podem pôr dinheiro no IRS ou levar-nos a pagar menos imposto no ano que vem.
O prazo está a chegar ao fim, já estamos em contagem decrescente, embora a entrega do IRS só comece em abril do ano que vem. Portanto, ainda falta quase meio ano, pelo que deve estar a pensar porque é que tem de se preocupar com isto agora. É agora, nesta altura, que pode ainda fazer coisas que aumentem os seus rendimentos. Estou a gravar este episódio em outubro, faltam cerca de dois meses para terminar o ano de 2025, e há coisas – por estranho que lhe possa parecer –, que deve fazer já a pensar no IRS que vai entregar em abril de 2026.
Primeiro ponto importante: deve ir ao seu e-fatura, se é que não tem ainda esse hábito mensal, e começar a validar faturas. Nesta altura, se estiver a ouvir ainda em outubro, ainda só tem lá as faturas até setembro. Portanto, ainda vai ter mais dois ou três meses para validar faturas, mas se começar já, aos poucos, vai poupar tempo.
Essas faturas têm de estar nas categorias certas e tem de verificar se estão lá todas as que devem estar. Sobretudo, deve verificar se as faturas de educação e de saúde, que são as mais relevantes para a maior parte da população, estão lá. E não apenas as suas, mas também as do seu cônjuge e filhos.
Para confirmar, vai ter de entrar no Portal das Finanças com o número de contribuinte e a password de cada um deles e fazer isto para todos. Porque é que estou a avisar com tanto tempo de antecedência? Para já, porque é algo que todos devíamos fazer todos os meses, ou de dois em dois meses, para evitar que em fevereiro deixe tudo para o fim do prazo. É comum o sistema bloquear nessa altura porque toda a gente se lembra de fazer em cima da hora e depois pode já não conseguir. São dezenas ou centenas de faturas que terá para validar e fazer isso em cima da hora vai ser um stress.
Todos os que já costumam seguir o Contas-poupança, sabem que o dinheiro não é para ser um fator de stress. O dinheiro é para nos ajudar a ter calma, porque sabendo que está tudo tratado, podemos estar mais relaxados. É aquilo a que chamo paz financeira.
Os impostos fazem parte desse processo, portanto, porque é que tem de estar a stressar sem necessidade? Todos os meses tenho o hábito de ir validando as faturas precisamente por causa disso. E é também por isso que estou a alertá-lo nesta altura, porque se ainda não começou, ainda tem mais dois meses para fazer isso calmamente. Depois, em fevereiro, volta lá só para atualizar as faturas de dezembro.
E repare, isto é tão relevante que, num agregado familiar, estamos a falar de 1000 euros de deduções em saúde, estamos a falar de 800 euros em educação, em caso de dependentes e majorações, etc. Portanto, estamos a falar aqui, caso ignorasse completamente tudo o que estou a dizer, em perder 1800 euros. Perder no sentido de que poderia não pagar tanto imposto, poderia ter até reembolso, eventualmente, mas não, porque não fez nada.
Isto é o tipo de coisa que devia ser ensinada nas escolas e deveria ser tão normal como fazer análises uma vez por ano. Portanto, primeiro passo, é ir ao e-fatura e começar a validar.
Outra coisa que já devia ter feito – e espero que tenha feito –, é ter pedido faturas de tudo com o seu NIF e com o de todos os elementos do seu agregado familiar. E quando digo tudo, é tudo, sem exceção. Se ainda não entrou nesse ritmo, aproveite ainda estes últimos dois meses para começar. E a partir de 1 de janeiro do próximo ano, é pedir NIF em tudo, já a preparar para 2027.
E sim, estou a falar do cafezinho, do gelado, da tosta mista, do croissant com queijo, do pastel de nata, do jornal, do pequeno-almoço, do almoço, do jantar. É pedir fatura com contribuinte de tudo. Tudo é dedutível, de uma forma ou de outra, e vale a pena, quanto mais não seja para ficar descansado sabendo que fez tudo aquilo que devia ter feito.
Agora, segundo ponto: há deduções que, tendo rendimentos para isso, podem ainda aumentar o seu reembolso ou fazer com que pague menos imposto. É o caso de fazer um PPR até ao final do ano. Este ponto é muito importante porque, caso tenha disponíveis 1500 euros, 1750 euros ou 2000 euros, no mínimo, pode aumentar o seu reembolso em 300, 350 ou 400 euros, conforme a sua idade. E, obviamente, se fizer retenção na fonte. Portanto, quem ganha o salário mínimo nacional não paga IRS, não faz retenção na fonte, portanto, não adianta fazer um PPR por este motivo. Adianta fazer um PPR para preparar a sua reforma, como é óbvio, mas não tem esta dedução.
Porque é que estou a avisar agora quando ainda faltam dois meses até 31 de dezembro? Porque faltam dois meses até 31 de dezembro. E sei, por experiência, que é nos últimos 15 dias, às vezes até na última semana, que as pessoas vão pedir para fazer um PPR na instituição que escolherem.
Nessa altura, às vezes, a avalanche de pedidos é tal que não conseguem dar conta do recado e o pedido fica para janeiro e já não entra no IRS. Portanto, se tem a intenção de reforçar o seu PPR ou fazer um, faça-o agora, com calma. E ainda com outra vantagem, que é poder escolher o melhor PPR para si.
Vou falar bastante sobre PPRs nas próximas semanas porque há informações muito, muito relevantes, sendo que uma das principais conclusões é que a grande maioria dos portugueses que têm um PPR está a perder dinheiro pensando que está a ganhar. Portanto, avaliem bem quanto é que está a render o vosso PPR, peçam um extrato ao vosso banco ou seguradora, porque se estiver a render menos de 2% ao ano, na média dos últimos cinco anos pelo menos, é porque está a perder dinheiro para a inflação.
Fique a saber que há PPRs que estão a render entre 6% e 9% ao ano, em média. Faça esta reavaliação completa do seu património, dos PPRs que tem, veja quanto é que está a render cada um, porque se está a render uma miséria, vai reforçar esse porquê? Aproveita e transfere. Não resgata, vai é transferir para aquele que acha que vai realmente render mais no futuro.
Mas faça isto com calma, perca algum tempo, uma semana, duas, o que for preciso, a estudar vários PPRs para ter a certeza de que está a escolher com o máximo de conhecimento possível. Se fizer um PPR até ao fim do ano ou reforçar com 1500, 1750 ou 2000 euros, 20% desse valor será dedutível no IRS do ano que vem. Portanto, faça isto com calma e de forma inteligente.
Outras dicas suplementares, uma vez que ainda faltam dois meses: verifique se há alguma despesa que tenha de fazer e que seja dedutível. Por exemplo, imagine que tem de fazer uma revisão ao carro, que seja grande e tem de ser na marca, se tem de fazer essa despesa em breve, então aproveite para o fazer antes de dia 31 de dezemro. E porquê? Porque se o fizer ainda este ano, vai conseguir aproveitar essa dedução já no IRS de 2026. Caso contrário, terá de esperar até 2027 para ter a dedução. Não se esqueça é que, para ter a dedução, tem de pedir fatura com contribuinte.
Verifique também, por exemplo, se tiver os seus pais num lar e se contribuir para as suas despesas, se esse dinheiro está a entrar no seu e-fatura, se está mesmo com o seu NIF. Pode também verificar, se tiver uma casa arrendada ou se é inquilino, por exemplo, se os recibos estão a entrar no sítio correto e se está lá tudo.
Se o seu senhorio for já idoso, ele só precisa de entregar a declaração dele de IRS em janeiro do ano que vem, com o valor todo que está a pagar, mas com calma, relembre que em janeiro é preciso entregar a tal declaração para que possa deduzir as suas despesas da renda no IRS.
Por último, só mais dois alertas. As ofertas ou os donativos também são dedutíveis no IRS, o que quer dizer que se é sua intenção doar, ou se já doou ao longo do ano inteiro, confirme junto da ONG, da IPSS, da sua igreja ou de qualquer outra instituição para a qual faz donativos, que de facto lhe vão passar o recibo com o seu NIF e que isso depois é declarado às finanças. Isto porque também é dedutível, até um determinado valor. Se não me falha a memória, 25% daquilo que doar pode descontar no seu imposto.
Queria também relembrar-lhe que no próximo ano, tal como já aconteceu nos dois anos anteriores, os reembolsos do IRS vão ser menores. Há pessoas que estavam habituadas a receber reembolso e que não vão receber. E há pessoas que nunca pagaram IRS e que agora vão pagar. E isso é perfeitamente normal. Porquê? Porque embora talvez não acredite, está a receber mais dinheiro líquido todos os meses. E em setembro e outubro, muito provavelmente, não reteve nada no IRS. Portanto, por favor, é uma questão de literacia financeira, não é uma questão política.
É uma questão política na medida em que alguém decidiu que assim seria, mas não pense que está a ser roubado. Já recebeu agora, em 2025, o dinheiro que deveria, ou que era suposto, receber de reembolso no ano a seguir.
Já recebeu esse dinheiro em setembro, outubro e em pequeninas doses desde lá para cá, até ao fim do ano. O que quer dizer que, se não quiser ser apanhado de surpresa, convém começar já a pôr algum dinheiro de lado para depois, se tiver de pagar, não ser surpreendido.
Mas tudo aquilo que lhe disse neste episódio, se o fizer, vai ter de pagar menos ou vai aumentar um bocadinho o reembolso. Em alguns casos, isto que lhe disse, até pode ser a diferença entre não pagar nada ou pagar, ou entre pagar muito menos ou não pagar nada.
Muito obrigado por me ter acompanhado em mais este episódio. Espero que estes alertas tenham sido importantes.
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A lei permite várias situações e deduções excecionais que muitos portugueses ainda não estão a usar. Pode fazer a diferença na carteira dentro de poucos meses. Ouvir este episódio pode ajudá-lo a poupar em centenas de euros no IRS.
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