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PodTEXT | A sua selfie financeira: o primeiro passo para mudar de vida

Várias pessoas me perguntam de tenho algum curso de finanças pessoais que possam seguir e aplicar. Até podia ter, mas não tenho. Mas quero muito ajudar todas as pessoas a terem uma melhor vida financeira. Por isso, aqui no podcast vou iniciar uma espécie de mini-curso de finanças pessoais. Este é o primeiro episódio: como começar, seja qual for a sua idade e situação financeira. O princípio de tudo é a sua selfie financeira. Não tenha medo dos resultados. Saber em que pé está e qual é o seu perfil financeiro vai começar a mudar a sua vida.

Inês de Almeida Fernandes

[Introdução - Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro. Esta é uma série de episódios em que vou recordar os princípios básicos das finanças pessoais para quem quer começar e não sabe como. Para aqueles que já começaram, é uma boa altura para ver se estão a fazer tudo bem.

Neste episódio, vamos recordar como é que tudo começa para pormos as nossas finanças em ordem. Como sabem, já vos expliquei várias vezes, nunca ninguém me ensinou nada sobre finanças pessoais. Os meus pais ensinaram-me o melhor que sabiam e só comecei a acordar para a vida financeira, a perceber como é que o dinheiro funcionava, de facto e na prática a meu favor, por volta dos meus 40 e tais anos. Portanto, perdi muito tempo.

Gostava que vocês começassem mais cedo do que eu, mas o importante é começar, mesmo que tenha uma idade superior a essa. Ora, como é que se começa esta jornada das finanças pessoais? Tirando uma fotografia.

Por vezes, as pessoas pensam que já vão tarde, que já não conseguem fazer nada ou que já não é possível começar a poupar. Outras vezes, acham pura e simplesmente que isto das finanças pessoais não é para elas, que não têm jeito, e que não há nada a fazer. Isto não é verdade. Há muito, muito a fazer. Aliás, há tudo a fazer. A boa notícia é que, para começar, bastar tirar uma fotografia.

Não se trata de ir a um estúdio de fotografia e vestir a sua melhor roupa, nada disso. É antes uma fotografia no sentido figurado, que pretende apenas que perceba a situação financeira em que está. E saber a sua situação financeira, mesmo que seja muito má, é importante. Isto é o princípio de tudo. Mesmo que não faça mais nada depois, esta ação vai ser decisiva na sua vida para que a possa melhorar mais à frente.

Mas, afinal, o que é que isto implica? É preciso que tire aquilo a que chamo uma selfie financeira. Portanto, tem se saber quanto é que tem neste momento, ou quanto têm, se falarmos de um casal. Mas mesmo para os casais, é importante que façam esta análise em conjunto, mas também individualmente. Uma coisa é o que vale cada um, ou o que tem cada um, outra é o que valem em conjunto, no presente e para o futuro.

Portanto, para começar, é saber quanto é que tem, quanto é que vale em termos de rendimentos expectáveis no presente e no futuro próximo. E como é que isto se faz? É simples: ou pega no clássico caderno ou abre uma folha de Excel e coloca lá todos os valores que tem de contabilizar.

Estou a falar de tudo mesmo, ou seja, o que ganha, o que gasta, em que gasta cada cêntimo do seu dinheiro. O meu conselho é que utilize ou o caderno ou o Excel, em vez de um daqueles programas que faz logo uma divisão dos valores por categorias, porque o facto de sermos nós a inserir cada número, cada alínea, obriga-nos a pensar sobre o assunto e põe a cabeça a mexer.

Isto é o clássico. É um levantamento de todos os seus ganhos e de todas as suas despesas, mesmo as mais pequeninas que pareçam irrelevantes. E como é que faz isso? Olhando para os seus extratos bancários dos últimos meses para identificar quais são as suas despesas regulares.

Mesmo com valores de despesa que podem ser variáveis como, por exemplo, uma fatura da eletricidade, se for ver os valores que pagou ao longo dos últimos meses, consegue tirar uma ideia do que é o valor que tem de gastar. Pode fazer uma média nesta fase inicial, mas com valores reais e corretos, não de cabeça.

Aponte mesmo quanto é que pagou de eletricidade, de gás, de telecomunicações, de água, de crédito à habitação, de seguro de vida, etc. Também deve contabilizar, obviamente, os seguros dos carros, embora para muitos isto entre apenas nas despesas anuais. Para já, comece pelo levantamento das despesas mensais.

Depois, também tem de fazer um levantamento das despesas que não aparecem nos extratos, que são aquelas que ocorrem quando levanta dinheiro. As despesas concretas não aparecem, mas aparece o montante do levantamento, portanto, vai também apontar esse valor. Isto é muito importante, porque há muitas despesas pequeninas que às vezes nem damos por elas.

Mas se foi ao multibanco e levantou 50 euros, por exemplo, esse dinheiro foi para algum lado. Uma boa forma de conseguir identificar todas as despesas, mesmo as mais pequenas, é pedir número de contribuinte na fatura.

Eu peço fatura com contribuinte de tudo, portanto, consigo saber mesmo todas as despesas, incluindo do café que bebi ou do jornal que comprei. Isto pode parecer de loucos, e não vos peço que façam isto se não quiserem, mas no meu caso este método resulta, porque depois vou ao E-fatura e consigo ver tudo. Portanto, se quiser saber mesmo ao cêntimo, muito bem.

De qualquer forma, se quiser dar-se a esse trabalho, cada vez que gasta dinheiro num café, num pastel de nata, numa revista, em tabaco – se for fumador -, ou em qualquer outra coisa, aponte esse valor. Isto vai mudar a sua vida. Às vezes acabamos a descobrir que gastamos mais dinheiro do que pensávamos em certas coisas e isso é assustador.

Portanto, vai fazer uma listagem completa de tudo aquilo em que gasta dinheiro. Valores grandes, valores pequenos, valores fixos, valores variáveis e depois vai analisar também o dinheiro que entrou na sua conta bancária, do seu salário, de recibos verdes, o que seja. Esta será, talvez para alguns, a primeira vez em muito tempo em que passam a saber exatamente ao cêntimo quanto é que ganham.

Há muita gente que acha que está a ganhar um valor e depois é outro. Talvez agora até tenham uma agradável surpresa, por exemplo, com a descida das retenções na fonte do IRS, com o menor pagamento de impostos, com alguns aumentos que muitas empresas deram, enfim. Se calhar vai descobrir que os mil euros que achava que ganhava, se calhar já são 1080 ou 1100 euros. Essa diferença pode ser o suficiente para cobrir uma fatura de eletricidade ou de água.

Nesta fase inicial, o ponto fundamental é que tem de saber exatamente quanto ganha, apontado ao cêntimo, porque é isso que faz a diferença. E o mesmo com as despesas, dividindo-as por categorias. Esta é a segunda parte que é também extremamente importante, que é saber em que categorias é que gasta o dinheiro.

Portanto, numa primeira fase, é apontar todas as despesas que tem, não se preocupando com a ordem. Depois de chegar à conclusão que já apontou todas as despesas, divide por categorias, que são as despesas essenciais – eletricidade, gás, água, telecomunicações, crédito à habitação e seguro de vida –, despesas de automóvel, nomeadamente combustível, manutenção, seguro do carro.

Além disso, há ainda as despesas de alimentação, que é uma das categorias em que as pessoas gastam mais dinheiro, e que deve dividir em duas subcategorias: compras para a casa – não só comida, mas todos os essenciais de supermercado, como detergentes, etc., - e alimentação fora de casa.

E atenção às refeições fora, amigos, porque em algumas situações o ir comer fora pode chegar a ser uma prestação do crédito à habitação. É por isso que fazer estas contas é importante, porque começamos a pensar de forma diferente sobre como estamos a gastar dinheiro.

Se quiser, dentro ainda da categoria alimentação, pode acrescentar uma terceira categoria que é o comer fora, mas em casa. Isto é, tudo o que gasta, se for o caso, em encomendar comida de aplicações e coisas do género. Acreditem, na vida nas cidades, e sobretudo para pessoas que têm rendimentos altos, isto pode ser um sorvedouro de dinheiro que vocês não imaginam.

Depois, outra categoria de despesas, o dinheiro que gastamos com os filhos. São despesas absolutamente fundamentais, quer seja o pagamento de uma escola privada, de um ATL, de transportes, de alimentação para eles na escola, atividades extracurriculares, tudo isso tem de estar apontado.

No final disto tudo, vai chegar a conclusões surpreendentes e há três hipóteses: ou gasta tudo o que ganha, ou gasta mais do que ganha, ou gasta menos do que ganha. Ou poupa, ou não poupa nada, ou está na falência. Chegar a qualquer uma destas conclusões, muda a nossa vida.

Acho que se se dedicar meia hora a fazer estas contas, a sua vida pode mudar para sempre. Porque ter esta consciência vai abrir-lhe muitas janelas que neste momento se calhar nem imagina. Este é o primeiro passo.

 O segundo passo é saber quanto é que você vale. O que é que isto significa? Significa saber quanto é que ganha, não apenas mensalmente, mas anualmente. Mais uma vez, vai fazer isto individualmente si, individualmente para o parceiro/a e depois, no final, somar os dois. Ou seja, ao fazer a conta anual e não mensal, muda completamente o cenário, até porque a maior parte das pessoas recebe 14 salários e não 12.

Além disso, muitas vezes ainda há o reembolso do IRS, que é cada vez menor, mas ainda há pessoas que recebem. E há que contar que ainda há pessoas que têm outras fontes de rendimento, que vendem coisas fora do horário de trabalho, que prestam serviços fora do horário de trabalho, que têm às vezes dois empregos, mas aí entra nos salários.

Ou seja, tudo o que seja regular vai incluir no quanto você vale. Faz essa conta para si, para o parceiro/a e para o conjunto dos dois e isso permite saber quanto dinheiro é que temos para gerir por ano. Isto muda também completamente a nossa forma de ver a nossa vida financeira.

Portanto, é pensar que somos uma família de 40 mil euros, somos uma família de 50 mil euros, somos uma família de 200 mil euros por ano, é isto que temos de saber. Porque isso vai permitir-nos avaliar se estamos a viver acima, dentro ou abaixo das nossas possibilidades. Também pode acontecer.

Fazer estas contas permite-nos o quê? Avançar para o passo seguinte, que é ter metas, ter objetivos, saber em que é que queremos gastar o dinheiro. Porque neste episódio o objetivo é saber onde é que gastamos o dinheiro. Muitas vezes não sabemos, ou não queremos saber, simplesmente desaparece.

Quando estamos nesta fase, o dinheiro não tem um objetivo, não tem uma coerência, não tem uma estratégia. Depois falaremos sobre as metas e sobre como isso também vai mudar a nossa vida, mas num próximo episódio.

Muito obrigado por me ter acompanhado em mais uma boleia financeira. Esta série de episódios é uma espécie de regresso aos básicos. É mesmo o básico dos básicos para quem queira começar a pôr as suas contas em ordem. Isto não é física quântica, não é ciência aeroespacial, é a nossa vida a acontecer. E são tudo coisas que alguém nos devia ter ensinado na escola ou em casa, mas isso não aconteceu. Vai acontecer agora e vou ajudar-vos nesse processo.

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