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IRS Jovem: Jovens divididos entre fazer retenção na fonte ou receber reembolso. Qual a melhor decisão?

A Ordem dos Contabilistas Certificados e a LUSA recolheram dezenas de depoimentos de jovens e constataram que há uma grande divisão entre os jovens com menos de 35 anos. Uns preferem usar as Finanças como "porquinho mealheiro" e outros preferem receber mais já todos os meses, mesmo correndo o risco de pagar IRS no ano que vem. Quais são os critérios de cada um?

Pedro Andersson

IRS Jovem: Reter menos imposto agora ou esperar pelo reembolso?

Como sabem, se um jovem tem menos de 35 anos e está a trabalhar, já pode beneficiar do IRS Jovem, um regime que permite uma grande redução do imposto sobre o rendimento. Mas há uma escolha importante a fazer: quer receber mais dinheiro já no seu ordenado ou prefere continuar a descontar como antes e receber um reembolso maior no próximo ano? As opiniões dividem-se e não há uma decisão certa ou errada. No final das contas, o resultado em euros será exatamente igual.

Como funciona o IRS Jovem?

O IRS Jovem foi recentemente alargado para 10 anos e abrange todos os trabalhadores até aos 35 anos, independentemente do grau académico. Durante esses anos, pode beneficiar de uma isenção parcial (ou total) sobre os rendimentos:

  • 1.º ano – Isenção de 100% do IRS
  • 2.º ao 4.º ano – Isenção de 75%
  • 5.º ao 7.º ano – Isenção de 50%
  • 8.º ao 10.º ano – Isenção de 25%

O benefício aplica-se até um rendimento anual de cerca de 28.000€.

O dilema: mais dinheiro agora ou um reembolso maior depois?

A decisão de como aplicar o IRS Jovem está a dividir os trabalhadores. Segundo a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, Paula Franco, muitos preferem já reter menos IRS e ver o dinheiro diretamente no ordenado, enquanto outros mantêm a retenção normal para receber um reembolso maior no próximo ano.

Quem opta por reter menos imposto já?

  • Jovens com despesas fixas elevadas (renda, empréstimos, contas, filhos)
  • Quem prefere ter mais liquidez mensal para gerir melhor as suas finanças
  • Trabalhadores que pretendem investir ou aplicar o dinheiro

Quem prefere esperar pelo reembolso?

  • Jovens que ainda vivem com os pais e não têm encargos elevados
  • Quem gosta de receber um valor significativo no próximo ano e usá-lo para pagar despesas anuais (ex.: seguro do carro, IMI, IUC)
  • Trabalhadores que receiam descontar menos e depois terem de pagar IRS

Exemplo prático: quanto pode ganhar já?

Imagine um jovem com um salário de 1.200 € brutos mensais no primeiro ano de trabalho.

  • Sem IRS Jovem: Com a retenção normal, poderia descontar cerca de 100 € por mês.
  • Com IRS Jovem: No 1.º ano, a retenção seria zero, aumentando o ordenado líquido em 100 € todos os meses.

Ao longo do ano, isto significa ter mais 1.200 € no bolso. Se optar por manter a retenção, esse dinheiro poderá chegar de uma só vez como reembolso.

Então, o que fazer?

Não há uma resposta única, nem certa ou errada. Se precisa de mais dinheiro agora, faz sentido ativar o IRS Jovem na retenção na fonte. Se prefere um reembolso maior e tem disciplina financeira para esperar, manter a retenção pode ser uma opção.

O mais importante? Informar-se e tomar a melhor decisão para si. Não se esqueça de que pode sempre mudar de opção a meio do ano, caso perceba que a sua escolha inicial não foi a mais vantajosa.

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