Ponha o seu dinheiro a render mais
O Governo diz que o PIB vai cair 6,9% este ano mas que vai crescer 4,3% em 2021. O que é que isto tem a ver com as minhas poupanças?
Ora, independentemente da sua situação financeira neste momento, para quem subscreveu Certificados do Tesouro em 2018 isso é uma excelente notícia. Quer dizer que provavelmente vai ter em 2021 (se as previsões se concretizarem) a taxa de juro máxima prevista nas regras dos Certificados do Tesouro Poupança Crescimento.
Quanto rendem os Certificados do Tesouro?
Para quem não sabe, os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) são os “depósitos a prazo” do Estado português. Qualquer pessoa os pode subscrever nos Correios, Espaços do Cidadão e online (no site do IGCP, se já abriu lá conta).
Rendem dezenas de vezes mais do que os depósitos a prazo clássicos nos bancos. São a melhor opção (há algumas excepções em promoções de bancos) para quem quer rentabilizar de forma simples as poupanças em produtos de capital garantido.
Taxa de juro CTPC
- 1.º ano – 0,75%
- 2.º ano – 0,75%+prémio PIB
- 3.º ano – 1,05%+prémio PIB
- 4.º ano – 1,35%+prémio PIB
- 5.º ano – 1,65%+prémio PIB
- 6.º ano – 1,95%+prémio PIB
- 7.º ano – 2,25%+prémio PIB
Agora chegamos ao ponto que nos interessa. A taxa de juro a partir do 2.º ano é acrescida de um prémio, em função do crescimento médio real do Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde a 40% do crescimento médio real do PIB nos últimos quatro trimestres conhecidos no mês anterior à data de pagamento de juros.
O prémio apenas tem lugar no caso do crescimento médio real do PIB ser positivo e fica limitado a um máximo de 1,2% em cada ano, equivalente a 40% de um crescimento médio real do PIB de 3%. Se o PIB for negativo, pára no zero.
Portanto, se tem Certificados do Tesouro há mais de 2 anos ou pelo menos desde o ano passado, em 2022 vai ter um rendimento “garantido” das suas poupanças de 1,05+1,2= 2,25%. E em 2023, se o crescimento do PIB voltar a crescer pelo menos 3% terá um rendimento de 1,35+1,20= 2,55%.
A média dos depósitos a prazo atualmente ronda os 0,15% ao ano (sim, leu bem, uma décima e meia). Portanto, se tiver o seu dinheiro nos Certificados do Tesouro renderão 15 vezes mais em 2022. Dá que pensar. Face ao rendimento dos depósitos a prazo é uma diferença muito considerável. Faça contas e avalie se é uma opção para si.
Se subscreveu os CTPC nos anos passados, e como no ano de 2019 o PIB cresceu 2,2, o prémio será de 0,88%. Naturalmente que em 2020 o prémio será zero porque o PIB será negativo.
Portanto a minha dica é sobretudo para quem quiser investir agora a pensar daqui a 2 anos: no primeiro ano não tem prémio, mas em 2022 provavelmente ainda haverá espaço para recuperação económica em termos do PIB. Claro que as contas podem sair furadas por novos confinamentos ou crises mas mesmo que não tenha prémios considere esta possibilidade caso tenho dinheiro “parado” em depósitos a prazo.
Os contras
Devo relembrá-lo que o mínimo de subscrição é 1.000 euros e que durante o primeiro ano não pode mexer no dinheiro. As taxas de juro são crescentes até ao sétimo ano.
Não se esqueça que tem sempre a possibilidade de investir em produtos de risco sem capital garantido. Pode ganhar ou pode perder. Por exemplo, o Fundo de investimento que subscrevi em plena crise, em Março, está agora (se o resgatasse neste momento) com um crescimento superior a 20%, como pode ver na foto abaixo. E todos os que tinha antes e estiveram a perder cerca de 40% já recuperaram quase todos (alguns ainda estão negativos). Escreverei, assim que puder, um artigo só com o balanço dos meus investimentos pré, durante e pós desconfinamento.