Mais dinheiro agora, menos reembolso do IRS
Se em agosto já reparou que o salário ou a pensão veio mais alta, setembro vai repetir a mesma situação. Isto acontece porque as novas tabelas de retenção de IRS entraram em vigor e, em muitos casos, o valor retido foi reduzido quase para zero. Estou a receber relatos de pessoas que receberam mais 300 e 400 euros em agosto. Serão mais 600 ou 800 euros em apenas 2 meses.
Por exemplo, quem tem salários até cerca de 1.136 euros brutos não teve qualquer retenção em agosto e voltará a não ter em setembro. No caso dos pensionistas, quem recebe entre 1.117 e 1.581 euros brutos viu a retenção cair para menos de 10 euros. À primeira vista parece uma ótima notícia, mas é preciso ter cuidado.
Este aumento do rendimento líquido mensal não significa que vai pagar menos IRS no total. O imposto continua a ser devido, só que está a ser adiado. Quando entregar a declaração em 2026, relativa aos rendimentos de 2025, o valor que não foi retido agora vai ser compensado no acerto final. Isso pode traduzir-se num reembolso mais baixo ou até na necessidade de pagar imposto.
De acordo com as novas tabelas de retenção na fonte, quem tem salários até cerca de 1.136 euros brutos fica com 0% de retenção de IRS em agosto e setembro (leia aqui).
No caso das pensões, os pensionistas entre 1.117 e 1.581 euros brutos tiveram em agosto uma redução da retenção para menos de 10 euros (ver simulações aqui). Muitos já notaram esse aumento no valor líquido recebido (detalhes aqui).
Também no podcast expliquei em detalhe esta situação (ouça aqui).
O que significa na prática
Na prática, o que acontece é que está a receber por antecipação uma parte do dinheiro que normalmente ficaria retida todos os meses. É um alívio imediato, mas que pode sair caro mais adiante se não se preparar.
- Em agosto e setembro está a receber mais dinheiro líquido porque o Estado está a reter menos imposto.
- Mas esse IRS não desapareceu. Vai ser ajustado no acerto final, quando entregar a declaração em 2026.
- Resultado: pode vir a ter um reembolso mais baixo do que estava a contar, ou até ter de pagar imposto se a diferença for significativa.
O que deve fazer
O conselho é simples: coloque de lado o valor que recebeu a mais em agosto e setembro (de preferência num produto que renda juro). Se no próximo ano tiver direito a reembolso, ótimo, esse dinheiro fica como poupança. Mas se o reembolso for mais baixo ou tiver mesmo de pagar IRS, já terá esse valor separado e não será apanhado de surpresa.
👉 Não gaste este dinheiro extra como se fosse definitivo.
- Se possível, ponha-o de lado numa conta poupança ou num fundo de emergência.
- Assim, quando chegar a altura do acerto, terá essa almofada disponível para compensar um reembolso menor ou até para pagar IRS, caso seja necessário.
Em resumo: agosto e setembro dão-lhe mais rendimento líquido imediato, mas com efeito de “adiamento” do imposto. Antecipe-se e não seja surpreendido no próximo ano.