Seguro de Vida | Há quanto tempo não o renegoceia?
Centenas de milhares de portugueses estão a pagar demais pelo seguro de vida associado ao crédito à habitação. Muito provavelmente pode pagar metade do que está a pagar pelas mesmas coberturas ou até melhores. Na reportagem desta semana do Contas-poupança expliquei-lhe o que pode fazer para garantir que tem o melhor seguro de vida ao preço mais baixo. As poupanças podem chegar às dezenas de milhares de euros.
Tal como milhares de outros portugueses, para ter um spread um pouco mais baixo no crédito à habitação, Agostinho António fez o seguro de vida na seguradora sugerida pelo banco. Como já tinha mais de 50 anos, o seguro de vida era caro: cerca de 280 euros por mês.
Depois de algumas conversas com amigos, percebeu que talvez fosse possível pagar menos. Decidiu meter pés ao caminho e pedir simulações noutras seguradoras. Descobriu que fora do banco conseguia as mesmas coberturas – ou melhores – por metade do preço.
Quando confrontou o banco, a resposta foi a que estava à espera. Ameaçaram com o aumento do spread. Mas Agostinho já tinha feito as contas. Por isso não foi na conversa. Perguntou quanto aumentava a prestação, com um agravamento de 0,25 no spread, e verificou que a poupança no seguro de vida era muito superior ao que ia “perder” com o aumento do spread. Com essa decisão poupou mais de 100 euros por mês desde então. E já passaram alguns anos. Já poupou muitos milhares de euros.
Esta é a primeira grande lição. Os clientes bancários têm de perder o medo da conversa do aumento do spread. O que interessa é se no final do mês vai ficar a pagar menos na soma da prestação com o seguro de vida.
Muitos portugueses só pensam na prestação do crédito à habitação e esquecem-se de que o seguro de vida é um dos custos mensais mais elevados a seguir ao crédito. A ideia é sempre reduzir os dois, ao longo do tempo que dura o crédito.
Atenção às simulações que lhe derem. Normalmente fazem um preço especial no primeiro ano, mas depois aumentam muito mais a partir do segundo ou terceiro ano. Veja é o valor total a pagar até ao fim do contrato.
Se o senhor do banco lhe dizer que lhe aumentam o spread se mudar para outra seguradora, peça uma simulação de quanto vai subir a prestação se mudar o seguro de vida para outra seguradora. Tanto pode não compensar, como pode compensar e muito. O que acontece muitas vezes é que o funcionário mete medo ao cliente ainda antes de saber se o spread vai mesmo aumentar ou não. Há muitas apólices em que nem sequer está previsto qualquer aumento.
Sobretudo os contratos mais antigos não têm qualquer referência ao seguro de vida. Tem de ler o seu documento complementar da escritura. Tanto pode ler sozinho, como pode pedir ajuda a um mediador de seguros da sua localidade. Eles ajudam gratuitamente.
Pegue na sua apólice atual, no seu documento complementar da escritura, no valor em dívida, quantos meses faltam pagar, e peça a um mediador de seguros para analisar o seu caso. O resultado pode surpreendê-lo.
Veja estes casos reais.
Um banco apresentou ao cliente uma proposta de seguro de vida de 852,35 € por ano para um crédito de 160 mil euros. Com os mesmos dados, um mediador de seguros conseguiu uma proposta para os mesmos valores e coberturas de 158,59 €. Uma poupança de 693,85 €, ou menos 57,82 € por mês.
Noutro caso, para um capital de 294.000 € e duas pessoas na casa dos 50 anos, o seguro de vida no banco ficaria em 2.763,60 € por ano, mas trocando para outra seguradora, com as mesmas condições, o prémio baixaria para 1.814,76 €, uma poupança de 948,84 €, isto é, menos 79,07 € por mês.
Pode pedir simulações a mediadores da sua cidade ou através de simuladores na internet. Mas mexa-se. Se está a espera que o banco voluntariamente lhe baixe o seguro de vida, bem pode esperar sentado. O não está sempre certo.
Há casos em que o próprio banco aceita baixar o seguro de vida, mesmo não saindo para outra seguradora. As poupanças médias, dizem os mediadores de seguros independentes, são de 300 ou 400 euros por ano.
IAD OU ITP?
E não se esqueça que há dois tipos de seguro de vida: o IAD (Incapacidade Absoluta e definitiva), em que a seguradora só paga a casa ao banco se ficar em estado quase vegetativo, e o ITP (Incapacidade Total e Permanente) em que com 55%, 60%, ou 65% de incapacidade, ou perto disso, já fica com a casa paga. Veja qual é que tem e mude para ITP se tiver o IAD. Veja isto COM MUITA URGÊNCIA. Troque, mesmo que fique a pagar mais.
Prepare-se para preencher questionários médicos e talvez fazer até exames médicos. Se já tiver doenças graves ou idade mais avançada pode não ser vantajoso mudar de seguradora. Fica com exclusões ou agravamentos. Mas avalie sempre as alternativas.
A proposta dos mediadores para não ser penalizado com a mudança
A Associação nacional dos mediadores e corretores de seguros propôs ao governo que – pelo menos temporariamente – seja suspenso o aumento do spread se qualquer cliente mudar de seguradora. Seria uma poupança muito grande para as famílias portuguesas e evitava muitos conflitos com os bancos.
Embora sejam parte interessada nesta guerra comercial porque conseguiriam mais clientes, os mediadores acreditam que isso ia fazer baixar os preços praticados pelas seguradoras dos bancos. A poupança pode ser muito grande.
Há exemplos na legislação recente. Por exemplo, há uns anos o governo limitou a 0,5% a penalização quando alguém amortizar o crédito ou fizer uma transferência de crédito. E mesmo essa acaba de ser suspensa durante dois anos. Só querem o mesmo no setor dos seguros…
Em resumo, pegue nos seus dados, consulte vários mediadores de seguros e veja se consegue poupar mudando de seguradora, mesmo que isso implique um aumento de spread. É que mesmo que a poupança agora não seja muita, assim que fizer 50 anos, a diferença pode ser de centenas de euros por mês com a mudança que fizer hoje. Eu poupei com esta mudança mais de 37 mil euros. Já baixei o meu seguro de vida 3 vezes.
Pode ver ou rever aqui a reportagem em vídeo na página da SIC Notícias:
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