Vida

Sabe REALMENTE quanto custa o seu crédito à habitação?

Sabe REALMENTE quanto custa o seu crédito à habitação? Numa altura em que o crédito à habitação está a subir para valores inimagináveis há alguns anos, é importantíssimo que saiba ao cêntimo quanto é que está a gastar com a sua casa.  – Então mas eu não sei?  Claro que sabe. Sabe quanto (mais ou […]

Sabe REALMENTE quanto custa o seu crédito à habitação?

Numa altura em que o crédito à habitação está a subir para valores inimagináveis há alguns anos, é importantíssimo que saiba ao cêntimo quanto é que está a gastar com a sua casa. 

– Então mas eu não sei? 

Claro que sabe. Sabe quanto (mais ou menos) é a sua prestação mensal. Mas duvido muito que saiba a casa dos euros e muito menos dos cêntimos. E também não acredito que a maioria de vocês saiba quanto está a pagar de seguro de vida e como tem evoluído ao longo dos últimos anos, de seguro multirriscos e de anuidades e mensalidades de comissões de manutenção de conta. Alguns de vocês, a isto ainda têm de acrescentar um segundo crédito multiopções, um PPR e outros produtos que vos venderam para terem um spread mais baixo.

Não é só a prestação que conta

Conhecerem a soma de todos estes valores é importantíssimo quando forem renegociar ou pedir ajuda ao vosso banco. O que vos interessa é baixar o valor global do vosso crédito à habitação e não apenas uma das parcelas (o spread).

Por isso, vou partilhar convosco as minhas contas, para que as possa tomar como ponto de partida para fazerem a vossa “selfie” financeira.

Faço o controlo mensal de todas as minhas despesas desde 2012, portanto, há mais de 10 anos que sei com toda a clareza e sem “achismos” quanto me está a custar comprar a minha casa com recurso ao banco. Uso a aplicação Boonzi (tem uma versão gratuita). Basta pesquisar no Google.

Neste gráfico verá que a minha prestação do crédito à habitação foi baixíssima durante os 7 anos de Euribor negativa. No último ano duplicou (provavelmente como a vossa). Não fiz nada, nem vou fazer, porque tenho um spread de 0,3, que não voltará ao mercado no futuro próximo. Vou aguentar o tempo que for preciso estes aumentos porque a expectativa é que a Euribor comece a baixar no próximo ano.

No seu caso, se já fez as contas e percebeu que não aguenta nem mais um mês a mensalidade atual ou as futuras, deve agir sem demora renegociando ou transferindo o seu crédito para outro banco, consolidando créditos, etc.

Amortizar compensa

Contudo, não estive parado estes meses. Amortizei o máximo que pude nos primeiros 6 meses do ano. Pode ver o reflexo disso na linha de cima nos últimos 6 meses como com cada amortização, a prestação baixou (ou não aumentou tanto). Amortizei mensalmente valores entre os 1.000 euros e os 5.000. São, em parte, os valores que coloquei de lado enquanto a Euribor esteve negativa, em vez de o gastar em coisas não tão necessárias, como fizeram milhares de portugueses. 

Escreverei um artigo brevemente só com as contas das minhas amortizações.

Mas o que lhe quero dizer já, é que qualquer amortização é uma extraordinária forma de poupança. Mesmo que sejam só 500 ou 1.000 euros de cada vez. Com 5 mil euros de amortização já consegue ver o gráfico a mexer a sério. Abaixo disso pode ser decepcionante ver a prestação baixar 4 ou 5 euros por mês, mas acredite que está no bom caminho da sua liberdade financeira se o fizer com regularidade.

Renegoceie o seguro de vida

A linha abaixo é a do seguro de vida. É a outra grande poupança que deve avaliar. Deve renegociar dentro da sua empresa ou saindo para outra seguradora. Tem aqui essa linha com mais detalhe. No início do meu crédito pagava “apenas” 50 euros. Com o passar dos anos, praticamente duplicou. Foi aí que decidi agir. Até hoje já renegociei o meu seguro de vida 5 vezes.

Renegociei três vezes com a Fidelidade (apresentando valores melhores da concorrência). Na terceira vez saí para a Metlife (porque a Fidelidade me disse que baixava um pouco mais, mas não foi o suficiente para mim). E agora mais recentemente voltei a baixar o valor que estava a pagar na Metlife, por iniciativa da minha extraordinária mediadora, e melhorando ainda mais as minhas condições. 

O meu spread na CGD não aumentou porque aceitei trocar o seguro de vida por um seguro de saúde (que já tinha).

Neste momento – e creio que é uma novidade em Portugal – o meu seguro de vida (e da minha mulher) está com uma incapacidade de 55% em vez dos 60% que consegui com a mudança inicial. Ou seja, se eu ou a minha mulher ficarmos com uma incapacidade de 55%, a casa fica paga pelo seguro de vida.

Seguro com incapacidade de 55%?

Acredite que é um valor extraordinário. Foi o melhor que encontrei até hoje. (Não recebo comissões de ninguém para dizer isto, OK?). Em resumo, estou a pagar cerca de metade por um seguro de vida muito, mas muito melhor do que aquele que fiz inicialmente junto do banco. Tem aqui o gráfico com o que pago a menos a cada ano que passa. Alguém que não faça nada pelas suas finanças pessoais, paga sempre mais todos os anos. Contacte os mediadores de seguros que conhece de todas as seguradoras ao seu dispor, e peça simulações para comparar pelo menos de 2 em 2 anos.

A terceira linha do gráfico é o seguro multirriscos anual. Como vê, tem vindo a subir. Está na altura de tentar renegociar esse seguro. Já o fiz uma vez, vou tentar novamente.

A quarta linha é a menos relevante, mas faz parte das contas. É a comissão de manutenção de conta. Durante muitos anos não paguei nada. Mas a CGD apertou tanto as condições que atualmente sai-me mais barato pagar essa comissão mensal de 5,20 € do que pagar as anuidades dos cartões.

Atenção ao total anual

Feitas as contas, em 2023 devo contar com estes custos do meu crédito à habitação para planear o meu ano financeiro em relação a esta categoria específica:

  • CH prestação 498,17 € x12 = 5.978, 04 € 
  • Seguro de vida 60,67 € x 12  = 728,04 €
  • Seguro multirriscos 198,00 /ano = 198 €
  • Comissão manutenção 5,20 € x 12 = 62,40 €  
  • TOTAL ANUAL = 6.966,48 €

A primeira conclusão é que não devo contar apenas com a despesa da prestação, que seria de 498 euros (que vai aumentar ainda mais duas vezes este ano para mim porque tenho Euribor a 3 meses), mas devo contar com mais 82,37 € que me sairão da conta mensalmente, quer eu dê conta, quer não.

No total, em 2023 devo contar com uma despesa absolutamente inadiável de mais de 7 mil euros com a minha casa (apenas relacionado com o crédito à habitação). Fora todas as outras despesas “normais” com a eletricidade, gás, água, condomínio, telecomunicações, etc.

Agora pegue numa folha de Excel ou num caderninho e faça a sua conta e veja se consegue suportar estes aumentos e se tem de pedir ajuda a alguém (banco ou outros), cortar em alguma coisa supérflua ou aumentar urgentemente as suas fontes de rendimento.

Não fique é parado! 

Quando renegociar o seu crédito à habitação garanta que no total de todas estas 4 ou mais categorias vai ficar REALMENTE a pagar menos do que agora, e quanto. Tem de ser relevante.

Este ano e o próximo (para quem tem Euribor a 1 ano) podem vir a ser dramáticos. Não conte com as ajudas do Estado. Se vierem são bem-vindas. Mas quem tem de tratar da sua vida é você…


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